Atualmente, 559 milhões de crianças e adolescentes estão expostos a ondas de calor frequentes, de acordo com um novo estudo do UNICEF. Além disso, 624 milhões de crianças e adolescentes estão expostos a um dos outros três indicadores específicos de altas temperaturas ― episódios de ondas de calor de longa duração e alta intensidade ou temperaturas extremamente elevadas.
Durante um ano em que as ondas de calor bateram recordes tanto no Hemisfério Sul quanto no Hemisfério Norte, o relatório O Ano Mais Frio do Resto da Vida Deles: Protegendo Crianças e Adolescentes dos Impactos Crescentes das Ondas de Calor (The Coldest Year Of The Rest Of Their Lives: Protecting Children From The Escalating Impacts Of Heatwaves – disponível somente em inglês) destaca o já extenso impacto das ondas de calor em meninas e meninos e revela que, mesmo nos níveis mais baixos de aquecimento global, em apenas três décadas, ondas de calor mais regulares são inevitáveis para crianças e adolescentes em todos os lugares.
Ainda não há muitos estudos sobre o impacto das ondas de calor em crianças, mas já se sabe que elas estão entre os principais grupos afetados, junto com idosos. Elas são menos capazes de regular a temperatura do corpo em comparação com os adultos. A quanto mais ondas de calor meninas e meninos estiverem expostos, maior a chance de problemas de saúde, incluindo doenças respiratórias crônicas, asma e doenças cardiovasculares. Bebês e crianças pequenas correm o maior risco de mortalidade relacionada ao calor.
Além dos efeitos diretos na saúde das crianças e dos adolescentes, as ondas de calor podem impactar os ambientes em que eles vivem, a segurança alimentar, a mobilidade, o acesso à água, a educação e os meios de subsistência futuros.
“O mercúrio está aumentando e os impactos nos meninos e meninas também”, disse a diretora executiva do UNICEF, Catherine Russell. “Já, uma em cada três crianças vive em países que enfrentam temperaturas extremamente elevadas e quase uma em cada quatro crianças está exposta a ondas de calor frequentes, e isso só vai piorar. Mais crianças e adolescentes serão afetados por ondas de calor mais longas, mais intensas e mais frequentes nos próximos trinta anos, o que colocará em risco sua saúde e seu bem-estar. Quão devastadoras essas mudanças serão depende das ações que tomarmos agora. No mínimo, os governos devem limitar urgentemente o aquecimento global a 1,5°C e dobrar o financiamento da adaptação até 2025. Essa é a única maneira de salvar a vida e o futuro das crianças e dos adolescentes ― e o futuro do planeta”.
“Os choques climáticos de 2022 forneceram um forte alerta sobre o crescente perigo que se aproxima de nós”, disse Vanessa Nakate, jovem ativista climática e embaixadora do UNICEF. “As ondas de calor são um exemplo claro. Por mais quente que este ano tenha sido em quase todos os cantos do mundo, provavelmente será o ano mais frio do resto de nossa vida”. Os líderes mundiais precisam corrigir o curso em que o mundo está, levando o tema à COP27, focando nas crianças e nos adolescentes de todo o mundo, especialmente aqueles mais vulneráveis, que vivem nos lugares mais afetados. “A menos que eles ajam, e logo, este relatório deixa claro que as ondas de calor se tornarão ainda mais duras do que já estão destinadas a ser”.
O relatório estima que, até 2050, todos os 2,02 bilhões de crianças e adolescentes do mundo serão atingidos por ondas de calor cada vez mais frequentes, seja como parte de um cenário de ‘baixas emissões de gases de efeito estufa’ com um aquecimento global estimado de 1,7°C ou um ‘cenário de emissões muito elevadas de gases de efeito estufa’ com aquecimento global de 2,4°C em 2050.
O número de crianças e adolescentes afetados por ondas de calor de longa duração subirá de atualmente 538 milhões para 1,6 bilhão em 2050, no caso de um aquecimento de 1,7°C, e para 1,9 bilhão, no caso de um aquecimento de 2,4°C.
Além disso, milhões a mais de crianças e adolescentes serão expostos a ondas de calor de alta intensidade e temperaturas extremamente elevadas, dependendo do grau de aquecimento global alcançado.
Produzido em colaboração com The Data Collaborative for Children e lançado em parceria com a embaixadora do UNICEF Vanessa Nakate e o Rise Up Movement, com sede na África, o estudo ressalta a necessidade urgente de adaptação dos serviços dos quais crianças e adolescentes dependem à medida que os impactos inevitáveis do aquecimento global se desenrolam. Também defende a continuação das medidas de mitigação, para evitar os efeitos mais nefastos do calor elevado.
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