Com apenas seis anos de idade, o jovem afegão Ali foi forçado a deixar seu país com sua família por causa dos conflitos e da insegurança em sua terra natal. Graças ao visto humanitário regulamentado pelo estado brasileiro no fim de 2021, Ali, seu pai, sua mãe, a avó, uma tia e um tio chegaram ao Brasil em outubro do ano passado, onde estão encontrando proteção e segurança para reconstruir suas vidas.
Desde que chegou ao Brasil, Ali deixou claro que gostaria voltar a estudar. E com a ajuda dos professores de uma escola na cidade de Guarulhos (SP), onde ele vive, conseguiu se matricular.
“No dia em que meu filho foi para a escola, senti que o Brasil é como minha pátria por temos o direito de viver como um brasileiro. O Brasil é um país de esperança para todas as pessoas refugiadas que buscam aqui a oportunidade de recomeçar”, afirmou o pai de Ali, Mohammad, de 35 anos.
Os professores ficaram satisfeitos em ter um aluno afegão escola, mas Ali não se sentia confiante – ele não conseguia entender seus colegas de sala e não sabia dizer o que queria ser quando crescer, uma resposta que todas as outras crianças já sabiam!
“Logo que o Ali chegou foi bastante desafiador, pois não sabíamos como havia sido o deslocamento dele e de sua família, além da dificuldade de comunicação por conta do idioma. No entanto, com essa barreira do idioma, ele falava pouco e nem sempre tínhamos certeza que ele compreendia as atividades propostas”, disse a professora Giselli Trukiti.
Ali foi ficando desestimulado a frequentar a escola, e chorava todos os dias antes de sair de casa. Felizmente, um professor desenvolveu um método original para ensinar o idioma português para Ali. Com o auxílio de um tradutor on-line, o professor criou diálogos entre dois esquilos de pelúcia usando palavras e expressões em persa (o idioma de Ali no Afeganistão) e português, demonstrando que ambos poderiam se entender muito bem.
Ali foi cativado pela metodologia, e a cada dia apresentava a seus pais as palavras que os esquilos ensinavam para eles na escola. Com o novo vocabulário e o apoio dos coleguinhas, foi fazendo amizades na escola e elaborando novas frases em português.
“Foi um trabalho conjunto da escola, com os professores e as famílias para a inclusão do Ali na classe, onde todos se envolveram para promover uma acolhida empática e saudável”, afirmou a professora.
Depois das férias de fim de ano, Ali voltou para a escola com novas palavras e frases – e com muito entusiasmo para conversar e brincar com seus amigos. E agora, como ele mesmo diz, “eu amo a escola e amo a professora”. E especialmente às 6as feiras, pois é o dia com mais tempo para brincar.
Aliás, o pequeno Ali voltou para a escola já sabendo o que quer ser quando crescer: um piloto de avião para que possa sobrevoar o Afeganistão, visto do céu, apresentando-o para seus amigos, em segurança.
Foto: Divulgação
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