Tenório Telles fala sobre o projeto 'Café com Cultura', que visa exaltar artistas locais

Nada mais importante do que valorizar a cultura de um lugar. Por isso, o Conselho Municipal de Cultura (Concultura) e a Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Eventos (Manauscult) lançaram o 'Café Com Cultura', uma série de documentários com o formato de podcast em vídeo.

Serão lançados quatro episódios semanais na primeira temporada de 2022. O site Porto de Lenha entrevistou o presidente da Concultura, Tenório Telles, que explicou mais sobre o programa e a importância dele para os artistas do Amazonas. Confira:


1 - Como surgiu a ideia do projeto 'Café com Cultura'?

Tenório Telles: O trabalho foi pensado no ano passado, no início da gestão, quando percebemos a ausência efetiva de ações voltadas para a preservação da memória, especialmente a memória dos nossos artistas. O 'Café com Cultura' é uma iniciativa que objetiva preservar as histórias de vida de nossos grandes criadores, como forma de se constituir num documento para as próximas gerações e, principalmente, servir de lição e inspiração para os jovens artistas que hoje lutam por uma oportunidade. Vamos disponibilizar os programas para os professores. 

2 - Qual a importância de projetos como esses pros artistas locais?

Tenório Telles: Projetos como o Café com Cultura ajudam na promoção e reconhecimento dos artistas. Com as redes sociais, o acesso é facilitado e mais fácil de chegar às pessoas interessadas em cultura. Outro aspecto relevante é que esse projeto potencializará o trabalho dos artistas que tanto contribuíram para enriquecer o patrimônio artístico de nossa cidade. 

3 - Vocês vão entrevistar artistas de todas as áreas da cultura?

Tenório Telles: O projeto envolve todos os segmentos artísticos. A ideia é contemplarmos aqueles com mais tempo de estrada, considerando a idade e a limitação biológica de todos nós. Perdemos tantos artistas expressivos ultimamente, o que é uma pena, pois como seria bom para a nossa vida cultural termos a palavra de Arlindo Jr., Zezinho Corrêa, Klinger Araújo, Luiz Bacellar, Thiago de Mello, Oseas (esse mestre da guitarra), entre outros. Penso igualmente nos mestres da cultura popular.

5 - Quem vai apresentar?

Tenório Telles: O apresentador do projeto é o jornalista Cristóvão Nonato. Os programas da temporada inicial já estão gravados e serão lançados nas próximas semanas, sempre às sextas-feiras.

6 - Já tem os convidados?

Tenório Telles: Sim. Já temos uma lista expressiva para os próximos programas, com dezenas de artistas de todas as expressões. A ideia é transformar esse material, com outros conteúdos, num grande museu virtual da cidade de Manaus.

7 - Qual é a importância da tecnologia para a disseminação de informação, principalmente, para a nossa região?

Tenório Telles: Penso que uma das grandes transformações culturais da nossa época é a possibilidade de interlocução e acesso à informação e, principalmente, a produção de conteúdos, que se tornou possível com as tecnologias de comunicação e as redes sociais. Essa nova realidade virtual transformou profundamente a vida contemporânea. Precisamos aproveitar esse potencial e esse caminho para disseminar conteúdos e conhecimentos que possam elevar o ser humano culturalmente e aprimorar nossa subjetividade e condição no mundo. Talvez esse seja um bom caminho para vencermos as ideologias que buscam aprisionar mentalmente as pessoas, sejam de esquerda ou de direita. Acredito que este é um momento para recuperarmos um dos importantes ensinamentos da educação grega: a educação de seres humanos capazes de pensar por si mesmos, livres das amarras sociais e preconceitos estabelecidos, e, portanto, com condições de propor novas perguntas ao mundo e, quem sabe, encontrar respostas mais satisfatórias para os problemas do nosso tempo. Nessa época de gente com tantas certezas, seria bom lembrar a ponderação do filósofo Sócrates: “Eu só sei que nada sei”. O Café com Cultura é uma expressão dessa possibilidade de um novo pensar sobre a vida, baseado na diversidade, tolerância e no pensamento livre e reflexivo.

Fonte: escrito por Carlos Ramos do Porto de Lenha