A primeira temporada de “Cabaré Chinelo”, espetáculo do Ateliê 23 em parceria com a companhia de teatro argentina García Sathicq, chega a última semana, com apresentações na terça e quarta-feira (29 e 30/11), às 20h, no Teatro Gebes Medeiros (Avenida Eduardo Ribeiro, 937, Centro). A produção inspirada na pesquisa de Narciso Freitas sobre prostitutas que viveram em Manaus na época da borracha já foi assistida por 840 espectadores.
“O Cabaré Chinelo tem superado nossas expectativas totalmente, tem sido muito feliz ter uma plateia lotada para prestigiar um espetáculo local, com produção local e valores pagos”, afirma Taciano Soares, diretor do Ateliê 23.
Ele destaca que a peça com ingressos esgotados toda semana fomenta a profissionalização e a valorização dos profissionais da cultura no estado, além do discurso da obra e da potência mostrada em micro ações durante uma hora e meia.
“Isso é o mais importante, porque, no momento que essas pessoas estão lotando a plateia, também estão acreditando no nosso trabalho, respondendo positivamente e dizendo que não estamos distantes ou menores de qualquer centro urbano brasileiro que produz teatro profissional, de qualidade e de pesquisa”, explica o diretor. “O ‘Cabaré Chinelo’ é resultado de uma pesquisa continuada do Ateliê 23 e isso faz toda diferença. O grupo completa uma década no ano que vem e tudo que colocamos em cena vem de pesquisa, de investigação que dura semanas, meses e anos”.
Público - Daniel Nunes Santos, que viu o espetáculo na estreia, usou as redes sociais para falar da imersão na Belle Époque manauara entre 1900 e 1920 proposta pela companhia amazonense.
“Um elemento da peça que me chama muita atenção é a quebra da distância estética, com interação das atrizes, a provocação que elas lançam constantemente ao público, em especial ao masculino, e isso atravessa a experiência de assistir à peça”, comenta.
Ele conta que, na plateia, o espectador é jogado constantemente para o que acontece diante dele, como se o público fizesse o papel de outro personagem, o frequentador do cabaré.
“Aos poucos somos tragados para dentro da narrativa e para o protagonismo das personagens, tanto cênico quanto discursivo. Elas vão ganhando corpo e individualidade ao longo da obra, falando de si e narrando o passado”, descreve Daniel. “O que elas têm em comum é o fato de serem mulheres e isso as une como participantes desse destino que vai ao encontro da sensibilidade contemporânea de quando pensamos nas mulheres e nas suas questões históricas”.
Ingressos - Os bilhetes antecipados para as últimas apresentações esgotaram no domingo (27/11). Nos dias de espetáculo, os ingressos são vendidos a R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia) na entrada, a partir das 19h.
O "Cabaré Chinelo" tem apoio do Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), além da Fundação Nacional de Artes (Funarte) e Fondo de Ayudas para las Artes Escénicas Iberoamericanas – IBERESCENA.
FOTOS: Hamyle Nobre
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