Amazônia Real lança série de documentários “Ciência na Amazônia”

A série de cinco documentários “Ciência na Amazônia”, realizada pela agência Amazônia Real com apoio financeiro do Instituto Serrapilheira, foi lançada na noite de sexta-feira, dia 9 de dezembro, no canal do Youtube. O primeiro episódio é 'O homem da natureza', sobre a vida e as pesquisas do ecólogo Philip Martin Fearnside, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). O documentário, que tem direção e roteiro da jornalista Kátia Brasil, foi apresentado no programa Megafone da TVT São Paulo.


Além de Fearnside, foram entrevistados para os outros quatro episódios, cada um de cerca de 20 minutos: a antropóloga e linguista Ana Carla Bruno, do Inpa; o epidemiologista Jesem Orellana, da Fiocruz Amazônia; a historiadora Patrícia Melo, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), e o antropólogo João Paulo Barreto, fundador do Centro de Medicina Indígena Bahserikowi. Os documentários serão lançados até janeiro de 2023. 


As gravações da série “Ciência na Amazônia” foram realizadas durante o primeiro turno das eleições presidenciais de 2022. No projeto da agência Amazônia Real, os pesquisadores contam como enfrentaram o silenciamento forçado, o negacionismo, os ataques e a falta de recursos para avançar em suas pesquisas durante o governo de Jair Bolsonaro (PL). Os convidados também falam sobre as trajetórias de vida, os legados e o que pensam em relação ao futuro da ciência na Amazônia. 


“Por diversos momentos fiquei emocionada com eles e elas. São pessoas inspiradoras para a ciência brasileira dentro de suas profissões e que devem ser reverenciadas pelas futuras gerações”, disse a jornalista Kátia Brasil.  


Foto: Reprodução


A série “Ciência na Amazônia” é produzida no âmbito da chamada pública “O papel da ciência no Brasil de amanhã”, realizada pelo Instituto Serrapilheira para apoiar projetos jornalísticos que investiguem e informem sobre as complexas relações entre a ciência e temas como política, economia, saúde, cultura e políticas públicas.


“Atravessada por questões ambientais, políticas e econômicas, a Amazônia é chave no debate sobre o Brasil de amanhã. Projetos como o ‘Ciência na Amazônia’ são de grande valia ao trazer esses desafios sob a perspectiva de quem faz ciência no território”, comenta Natasha Felizi, diretora de Divulgação Científica do Instituto Serrapilheira.


Participam da produção da série profissionais renomados do audiovisual do Amazonas como: César Nogueira (cinematografia e montagem), Naila Fernandes (som direto), Valentina Ricardo (coloração) e Heverson Batista, Batata (mixagem do som); além de integrantes da equipe da agência de jornalismo: Elaíze Farias (pesquisa), Alberto César Araújo (pesquisa no acervo de imagem e fotografia); Lívia Lemos (designer e redes sociais), Iris Brasil (produção de conteúdo) e Cristina Camargo (consultora de projeto).


Confira o documentário:



Aos 75 anos, o norte-americano Philip Fearnside é reconhecido como um defensor da floresta e de seus povos e por não temer os desafios e ameaças que enfrenta para pesquisar sobre os impactos socioambientais dos megaempreendimentos na Amazônia, entre eles obras como hidrelétricas e rodovias. Pesquisador titular do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), em Manaus, o cientista recebeu o Prêmio Nobel da Paz por sua participação no Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas (IPCC), em 2007. 


No documentário “O homem da natureza”, Fearnside explica como sua pesquisa sobre as emissões de gases do efeito estufa nas obras das hidrelétricas foi determinante para o entendimento de que este tipo de energia é tão impactante ao meio ambiente como os combustíveis fósseis.



Foto: Divulgação


“Agora estamos perto daquele ponto de não retorno. O clima pode passar para uma situação onde não tem mais volta. Fica cada vez mais quente, tem mais incêndios florestais, esquentando o solo, tem mais gases. E aí fica fora de controle. A hidrelétrica, emitindo metano, tem esse grande impacto justamente nesses próximos anos, quando precisamos controlar o aquecimento global para não ter essa catástrofe”, diz o cientista.


Fearnside concedeu uma longa e detalhada entrevista para a jornalista Kátia Brasil, em que falou também sobre as origens, os anos de estudo nos Estados Unidos, a experiência na Índia, a chegada ao Brasil e a decisão de viver na Amazônia. No documentário, o cientista também contou sobre as barreiras que encontra em seu trabalho e explicou a importância dos rios voadores para o equilíbrio do clima no Brasil. 


A agência Amazônia Real é a primeira organização de mídia independente e investigativa sem fins lucrativos fundada no Norte do Brasil, em 2013. A missão da agência é dar visibilidade às populações tradicionais e questões da Amazônia produzindo jornalismo ético com linha editorial voltada à defesa da democratização da informação, da liberdade de expressão, da liberdade de imprensa e dos direitos humanos. Este ano, a agência recebeu o Prêmio Vladimir Herzog Especial 2022 pela defesa da democracia e da liberdade de imprensa. 


Desde 2015, a Amazônia Real é premiada pela produção audiovisual: o documentário “Aruká, o último guerreiro Juma” conquistou o segundo lugar no 1o. Prêmio de Jornalismo Cidadão – Radiotube 2015, da organização não governamental Criar Brasil, cerimônia realizada no Museu da República, no Rio de Janeiro.


O documentário “Pés de Anta – As cineastas Munduruku”, ganhou os prêmios de Melhor Roteiro e Melhor Direção na Categoria Amazonas no Festival de Cinema Olhar do Norte em 2018. 


Já na edição de 2019 do Festival Olhar do Norte, a Amazônia Real recebeu menção honrosa pelo documentário “BR-319: Bem-Vindo à Realidade”, dirigido por Gustavo Faleiros e Marcio Isensee Sá.


O documentário “Sem aulas há nove meses, crianças vão à biblioteca por conta própria, em Rondônia”, de autoria da educomunicadora Thaís Espinosa e colaboração da jornalista Gabriela Rabaldo, ganhou  o segundo lugar da Categoria Vídeo do 3º Prêmio Radiotube Jornalismo Cidadão 2019. 


Fonte: Com informações da Assessoria de Imprensa