Guardião da Cultura: Servidor mais antigo do Teatro Amazonas completa 50 anos de trabalho

Contratado em 1973, Raimundo Nonato Pereira, de 87 anos, filho de um ajudante de pedreiro e de uma lavadeira, completa nesta sexta-feira (06/01), 50 anos de dedicação ao glorioso Teatro Amazonas. Chamado para trabalhar como pedreiro, Nonato, como prefere ser chamado, relembra os momentos que ficaram na memória nestas cinco décadas de trabalho.

 

“O primeiro serviço que eu vim fazer foi trabalhar na cúpula, colocar e ajustar as telhas. Um tempo depois, assinaram a minha carteira aqui no Estado, pela Fundação Cultural do Amazonas”, relembrou.

 

Durante os 50 anos de trabalho, Nonato já executou diferentes funções no Teatro, como pedreiro, porteiro, bilheteiro, indicador, assistente técnico e agente administrativo. Hoje, além de auxiliar diversas áreas, está atuando como cenotécnico, sempre disposto a contribuir com o bom funcionamento do prédio histórico e ajudar os colegas de trabalho.

 

Memórias

 

Colecionador de histórias e fatos marcantes, o servidor revela três momentos que o surpreenderam ao longo da carreira profissional.

 

“Um dos momentos marcantes para mim, foi quando eu coloquei uma pedra de mármore aqui no Teatro. Meu colega que ia colocar na época, começou a tremer, mas eu peguei o mármore e ensinei ele, foi então que meu patrão, estava me observando, pediu para que eu colocasse. Naquela época, um pedreiro ganhava oito cruzeiros, ele me ofereceu dez cruzeiros”, contou emocionado.

 

Nonato também relembra a visita do ex-presidente do Brasil, João Figueiredo, que visitou o Teatro Amazonas na década de 80.

 

“Eles me aprontaram, colocaram um terno e quando o ex-presidente chegou aqui, eu era o único preto no meio dos brancos. Foi quando o chefe da segurança do ex-presidente veio na frente e disse que eu ia recepcionar o então presidente da República. Ele chegou e me cumprimentou, eu fiquei muito feliz”, disse.

 

Muito respeitado, Raimundo Nonato também esteve presente na visita do atual rei da Inglaterra, rei Charles III, que na época visitou o Teatro Amazonas como príncipe.


 

“Ele entrou, quando chegou aqui no palco, ficou sorrindo e chegou até a cantar. Quando ele viu as senhoras da limpeza, abraçou elas, que todas choraram. Estavam suadas e com as vassouras nas mãos Quando eu vi, fiquei muito alegre com aquilo”, emocionou-se.

 

Inspiração

 

A diretora do Teatro Amazonas, Sigrid Cetraro, enfatiza que o servidor é exemplo de comprometimento e cuidado, além de ser inspiração para todos que convivem com ele.

 

“O Nonato é um oráculo para gente, motivo de aprendizado e entusiasmo. Toda semana ele está conosco com muita motivação e alegria. Ele é sinônimo de comprometimento e interesse de estar aqui, zelando, olhando e cuidando. Sinto muito orgulho de estar ao lado de uma pessoa que tem tanta experiência. Quando ele não vem, a gente sente muita falta, ele tem uma energia invejável. Ele é a alegria do Teatro Amazonas”, finalizou.

 

O condutor cultural do teatro, Daniel Mafra, ressalta que “Nonatinho”, como carinhosamente é chamado pelos colegas de trabalho, é o atual patrimônio vivo do Estado do Amazonas.

 

“O Nonatinho é sinônimo de afeto, felicidade e memória. Quando a gente está com dúvida sobre alguma restauração, ele com muito carinho vai explicando como as coisas aconteceram, já que é muito importante passar as informações corretas para os turistas. Ele é o nosso patrimônio vivo, alguém muito importante e amável, que fala do passado com um amor muito grande. Essa paixão vai passando de geração em geração”, disse.

Fonte: Com informações da Assessoria de Imprensa