Neste fim de semana, o Ateliê 23 vai levar o público a uma imersão no outro lado da belle époque amazonense, direto da plateia do Teatro Gebes Medeiros (Avenida Eduardo Ribeiro, 937, Centro) para o período entre 1900 e 1920, com o espetáculo “Cabaré Chinelo”. As sessões de sexta e sábado (20 e 21/01) iniciam às 20h e, no domingo (22/01), às 19h, com ingressos disponíveis somente no dia de apresentação.
Inspirada na pesquisa de Narciso Freitas e em parceria com a companhia de teatro argentina García Sathicq, a peça, com uma hora e meia de duração, conta a história das meretrizes Mulata, Balbina, Antonieta, Soulanger, Felícia, Laura, Joana, Luiza, Enedina, Sarah, Maria e Gaivota também por meio de recortes de jornais. O projeto denuncia um esquema de tráfico internacional e sexual no início do século XX, na capital do Amazonas.
“Nós escolhemos quatro momentos para os recortes de jornais de verdade, material presente no programa do espetáculo e disponível em QR Code para a plateia”, destaca Taciano Soares, diretor do Ateliê 23. “Nessas cenas, o público é convidado a abrir o arquivo e ler junto o que foi narrado no jornal da época”.
Registros – Entre as mulheres que viraram notícia está Balbina, uma polaca interpretada pela atriz Sarah Margarido no “Cabaré Chinelo”.
“Balbina era exclusiva de um dos poderosos da época e foi assassinada em seu quarto, ela foi estrangulada com a fronha. O motivo da morte dela era saber demais sobre o que acontecia por debaixo dos panos e por se envolver com gente perigosa e poderosa”, comenta a artista. “Na matéria do jornal, tem uma foto que mostra a fila de homens, que dobrava o quarteirão só para ver o corpo dela, que era muito desejada”.
Ana Oliveira, que vive Sarah Coliber Fray, afirma que os registros históricos foram importantes para apresentar as mulheres reais e para trazer à tona a parte da história que não está nos livros.
“O historiador Narciso Freitas sabe onde está o tumulo de cada uma dessas mulheres, tem documentação e manchetes da época. A partir disso, conseguimos trabalhar quem eram essas pessoas que, 100 anos depois, estão aqui, contando as suas histórias”, reforça a atriz.
O “Cabaré Chinelo” tem apoio do Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), além da Fundação Nacional de Artes (Funarte) e Fondo de Ayudas para las Artes Escénicas Iberoamericanas – IBERESCENA.
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