Mulheres jornalistas veem a necessidade de se reinventar no mercado de trabalho


 

O jornalismo certamente, é e sempre será um dos maiores desafios. Exercê-lo com profissionalismo e competência é o que o torna essencial atualmente, e com as mudanças advindas na evolução tecnológica, muitos profissionais precisaram se reinventar para mantê-lo vivo, sobretudo, no empreendedorismo feminino.


Este, só confirma o que já vem sendo feito há muito tempo, que o lugar de mulher é onde ela quiser! Sim, o empreendedorismo feminino está cada vez mais em evidência, trazendo orgulho à categoria.


Segundo uma pesquisa do Sebrae, com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no terceiro bimestre de 2022, houve um crescimento de 34% no setor de empreendedorismo no país, sendo 10,3 milhões, gerenciados por mulheres. E no Dia do Jornalista, celebrado neste dia 7 de abril, não podemos deixar de falar sobre a iniciativa de empreender no universo jornalístico. 


No Amazonas, o empreendedorismo feminino formado por jornalistas se destaca pelo profissionalismo e credibilidade. Temos exemplos de grandes nomes já consolidadosno mercado em Manaus, e àqueles que ainda estão iniciando o desafio de empreender.Reunimos nesta matéria, profissionais para abordar o tema e conhecer mais sobre suas trajetórias de vida.


Oportunidade para novos desafios


A jornalista, empreendedora e Sócia Diretora da Eckos, Pamela Mota, destaca que o desejo de empreender veio desde cedo, quando ela e sua irmã, decidiram abrir uma loja de roupas em Santarém-PA. Porém, após cinco anos com o negócio, decidiram finalizar o empreendimento. 


Formada em jornalismo desde 2007, Pamela viu a necessidade de mercado e a oportunidade de encarar o novo desafio, desta vez, voltado ao espaço digital.

“Em 2016 iniciei algumas especializações e cursos com foco no universo digital já que a informação passou a ter uma velocidade muito maior, além de novos formatos. Foi aí que em 2020, com a pandemia, eu vi uma necessidade de mercado, eu e meu marido decidimos iniciar essa nova jornada”, contou.


Embora a mulher já tenha conquistado, mesmo em passos lentos, espaço de poder no mercado de trabalho, empreender continua sendo difícil. No entanto, para Mota, é necessário ter persistência e quebrar tabus, uma vez que, ainda existe preconceito e discriminação de gênero.

“Um dos meus maiores desafios foi me estabelecer no mercado mesmo. Nós mulheres sempre precisamos nos dedicar em dobro a todos os nossos projetos. Hoje, a mulher já ganhou bem mais espaço, mas ainda existe um certo preconceito devido àoutras atividades que desenvolvemos. Somos multi tarefas (casa, marido, filhos, trabalho). Por isso, precisamos nos unir mais, ter mais voz, opiniões, conquistar nosso espaço”, argumenta a empreendedora.


Para driblar essas dificuldades, Pamela Mota acrescenta que a mulher ganha voz no jornalismo, especificamente, quando se trata das redes sociais.

“O jornalismo nos ajuda a dar voz às mulheres, mas atualmente, a rede social nos permite muito fortemente essa possibilidade. Temos, atualmente, muitas mulheres e jornalistas também que tem usado isso a seu favor, e se posicionado cada vez mais sobre momentos, opiniões e acontecimentos!”, afirma.


Mesmo diante de dificuldades e preconceitos, Pamela afirma se sentir realizada por ter escolhido a profissão, porque, por meio dela, pôde conhecer lugares e enxergar a realidade de outras pessoas.

“Estou sim [realizada]. Sempre quis ser jornalista, desde quando era adolescente. Acho uma profissão muito bonita, quando feita de forma correta, séria e com responsabilidade”, completa.

 

Destinadas ao empreendedorismo


Formada na Ufam, com especialização em marketing na ESPM, a jornalista Izenilda Farias também é empreendedora. A profissional revela que, junto com um grupo e amigos da faculdade, já estavam destinados ao empreendedorismo. 

“Ainda no curso de comunicação, além do jornal laboratório, fizemos um jornal totalmente independente, chamado Hora Extra. Então acho que desde aí tínhamos esse espírito empreendedor. Depois de formadas, e já com bastante experiência em redação e assessoria de imprensa, decidimos fundar uma empresa para oferecer serviços nessa área que tínhamos conhecimento (eu, Margareth Queiroz e Eneida Marques)”, relembra.


Foi nessa época (1990) que surgiu a Três Comunicação, uma das primeiras agências de assessoria no Amazonas, na qual, Izenilda é diretora. De acordo com ela, houveram vários desafios, porém, o maior deles foi desbravar uma área que estava iniciando no Amazonas, de maneira profissional. “Entre erros e acertos, conseguimos ir criando uma metodologia de trabalho que vem dando certo”.

“Temos muitas mulheres no mercado que são verdadeiros exemplos de capacidade, profissionalismo e competência. E quando vejo tantas figuras femininas em destaque, fazendo a diferença, penso que as lutas travadas até aqui, por todas as mulheres, valeram a pena, apesar de ainda existirem muitas desigualdades, principalmente salariais, e a discriminação de gênero”, enfatiza Farias.


Entre tantas áreas que o jornalismo possui, Izenilda escolheu a assessoria de imprensa, que além de trabalhar o relacionamento com o público, lhe permite trabalhar valorizando a sua importância. “O jornalismo era uma escolha e um projeto de vida, e a possibilidade de fazer o que se gosta com o máximo de autonomia que o empreendedorismo permite”.


Complementa ainda: “acho o jornalismo uma profissão apaixonante e também vejo muito valor na área que optei dentro da comunicação, que é assessoria de imprensa. Ela nos permite abrir caminhos para que as empresas possam se comunicar com o público, tendo como instrumento os meios de comunicação. As marcas estão presentes na vida das pessoas e precisam mostrar o que fazem, prestar contas e dar respostas aos consumidores”, finaliza.

 

“Cenário desafiador, mas de esperança”


Quando falamos sobre a mulher ocupar seu espaço no mercado de trabalho, falamos também de sua luta diária, que, independente de qual caminho escolheu seguir, continua mostrando a sua força e valor diante de uma sociedade machista e ainda alienada. 


Para a vice-presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Amazonas (SJPAM), Ed Blair, as mulheres jornalistas precisam confiar mais em si, não se sentirem pequenas, além de confiar em sua capacidade.

Ed Blair atua no ramo jornalístico há 25 anos e destaca a necessidade da reinvenção da categoria para sobreviver aos últimos acontecimentos que mexeram com as estruturas jornalísticas, entre elas, o enxugamento das redações (demissões em massa) e a luta pela legibilidade do diploma.


Mas, “paralelo a tudo isso, outros segmentos da comunicação estão sendo fortalecidos, como as atividades independentes e o empreendedorismo de muitos profissionais jornalistas”. Blair aproveita e encoraja-os a prosseguirem com seus projetos.

“Parabenizamos aos colegas pela ousadia de, antes empregado, agora empregador. Vida longa a cada negócio que seja iniciado e muita sabedoria na condução de todos. A categoria agradece”, exclama, a vice-presidente do SJPAM.

Assim como as demais entrevistadas, Ed Blair também se sente realizada com a profissão. “Tenho orgulho e sou muito realizada. Deus sempre foi muito generoso comigo. Sempre me colocou em lugar de liderança para o servi-lo servindo a muitos por meio do dom que me emprestou. Jornalismo é servir!”, agradece.


Há 25 anos atuando no universo jornalístico, ela já passou por vários setores como TV, rádio, impressos, assessorias (de cultura à polícia), revistas. E mais, revela que também tem projetos voltados ao empreendedorismo, porém, estão sendo formatados para um propósito maior. 


Quando questionada sobre a migração dos veículos tradicionais para o novo formato digital, a vice-presidente afirma, “quem não se reinventar fica para trás. É como se você fizesse uma matéria hoje e amanhã achar que não mudaria nada, que estava perfeita. Precisamos gostar de fazer e de aprender todo dia e com todas as pessoas”, conclui.

Fonte: com informações da assessoria de imprensa