A startup Sonoraplay, primeira plataforma focada na monetização da produção audiovisual independente, expande seu catálogo de obras em cartaz com a chegada de uma coleção do cineasta, diretor e fotógrafo paulista Bruno Graziano à plataforma. Dentre os destaques, estão “A Primeira Vez do Cinema Brasileiro”, “O Acre Existe”, “Brasa”, “Baderna” e “Rumo Aos 100 no Paraíso”.
Ao todo, o diretor disponibilizou ao catálogo da Sonoraplay, 10 obras, sendo documentários, filmes longos e curtos. “É uma oportunidade única de conhecer o trabalho deste cineasta que, apesar de muito novo, é muito conhecido no mercado de cinema nacional”, disse Raquel Omena, CEO da Sonoraplay.
Entusiasmado por estar em um streaming da Amazônia, Bruno vê com bons olhos a difusão de obras na internet, mas espera que haja regulamentação oficial para este formato num futuro breve. “Vejo o streaming com bons olhos, sobretudo porque ele difunde os filmes para públicos muito diversos, às vezes até inimagináveis. Estamos entrando numa fase mais madura. Agora se faz necessária a regulamentação dos grandes players, algo já em discussão e que parece que vai andar”, disse.
A Sonoraplay já possui mais de 250 obras independentes em cartaz e busca criar uma rede forte de compartilhamento de produções e de audiências, trazendo, principalmente, visibilidade para as produções amazônicas. “Estamos buscando compartilhar audiências com todo o Brasil, mas sempre focando em dar vazão às nossas produções amazônicas, por meio desse intercâmbio”, explicou Raquel.
A startup possui como modelo de negócios um sistema de monetização através de assinantes e não de plays, likes ou views, “que só beneficiam os artistas/produtores que possuem engajamento e seguidores. Estamos buscando formas mais justas de gerar renda para os criadores garantirem a continuidade de produção”, opina.
O cineasta que estreia na Sonoraplay já esteve na Amazônia, onde já filmou e garante que pretende voltar. Ele deu um spoiler e garantiu que seu primeiro longa, o documentário "A Primeira Vez do Cinema Brasileiro", é a sua dica para os entusiastas da sétima arte começarem a ver na Sonoraplay.
Ele concedeu uma entrevista exclusiva que você confere a seguir:
1 – Sonoraplay: De quantos filmes ou documentários você já participou?
Bruno Graziano: Até hoje foram dezoito filmes entre longas e curtas-metragens, sendo a maioria deles documentários.
2 - S.Play: Como foi que você começou a carreira nesse segmento? foi a partir da fotografia?
BG: Eu venho da cinefilia, desde muito pequeno. Com cinco anos de idade já era viciado em filmes e a partir dos quinze comecei a levar mais a sério o estudo do cinema, de forma autodidata. Com dezoito anos, entrei numa faculdade de cinema e fui trabalhar numa locadora de DVDs, aprofundando um pouco mais o conhecimento necessário para conseguir realizar os projetos. E desde então eu dediquei boa parte do meu tempo e dos meus recursos a fim de produzir filmes independentes que fizessem sentido para mim e para os meus amigos e minhas amigas co-realizadores, já que boa parte dos filmes foram feitos em co-criação.
Eu atualmente colaboro nos filmes de outros realizadores como diretor de fotografia, função que entendi como meu ofício principal, sobretudo por um amor enorme em relação à pensar a imagem e todo o seu poder narrativo, além da paixão de estar em diferentes sets de filmagem em diversos lugares do Brasil.
3 - S.Play: Quanto tempo de estrada no cinema brasileiro você já tem?
BG: Doze anos desde o primeiro longa, o documentário "A Primeira Vez do Cinema Brasileiro".
4 - S.Play: Como você vê a era do streaming? Isso tem sido bom ou ruim para o cinema independente?
BG: Vejo o streaming com bons olhos, sobretudo porque ele difunde os filmes para públicos muito diversos, às vezes até inimagináveis. Estamos entrando numa fase mais madura, onde o surgimento de dezenas de opções de plataformas oferecem uma concorrência importante e também uma oferta ampla de conteúdo. Agora se faz necessária a regulamentação dos grandes players, algo já em discussão e que parece que vai andar. Uma cota de produção nacional que garanta espaço para o que é produzido aqui e uma porcentagem dos direitos patrimoniais ficarem com as produtoras independentes é um norte possível e desejável assim como ocorreu, ao seu modo, com a TV à cabo por volta de 2013. Será bom para todos os lados e um aquecimento gigantesco para o cinema e o audiovisual brasileiro.
5 - S.Play: Na sua opinião, o que falta no Brasil para que a indústria de filmes independentes cresça mais e dê maior retorno aos produtores?
BG: O avanço ocorrido nos últimos 25 anos não pode ser esquecido. A geração que veio da retomada do cinema brasileiro partiu do nada e conseguiu estruturar entre erros e acertos uma cadeia robusta de realizadores atuantes. Eu tive a sorte de ser contemporâneo ao boom recente que durou até 2019, em que haviam recursos, havia espaço em todas as telas e havia uma auto-estima crescente entre todos os setores da indústria audiovisual. Este momento foi interrompido, mas está retornando com mais fôlego agora, justamente por conta dos streamings. O retorno financeiro via salas de cinema está cada vez mais difícil, são poucos títulos que dão lucro e muitos produtores acabam falidos após o lançamento (eu, por exemplo, que fiz filmes com recursos próprios, tomei prejuízos severos). Em compensação, a quantidade de filmes produzidos todo ano só tende a aumentar e a maioria são produções de pequeno porte. Creio que a melhor forma de conseguir algum retorno financeiro é internacionalizar o filme, monetizar ele com a distribuição global. Mas isso exige algum investimento de risco e muita energia gasta. Eu sinceramente torço para que consigamos sobreviver financeiramente fazendo filmes, mas também penso que realizá-los com modelos de produção mais enxutos e com o intuito de difundi-los ao público com acessibilidade de custo baixo é uma forma de não se frustrar e seguir contando histórias.
Sobre a Sonoraplay
Começando suas atividades em Manaus, no coração da Amazônia, a startup Sonoraplay é focada exclusivamente em produção audiovisual independente e busca reunir no seu ambiente de streaming filmes, curtas-metragens (short films), documentários, shows, videoclipes, podcasts e webseries, criando uma nova rede de produção, para atender ao público que gosta de descobrir novos talentos e curtir conteúdos diferentes, direto da fonte. “Há muito mais produções acontecendo no mundo do que aquelas poucas que as atuais plataformas de streaming apresentam. Queremos que o público tenha acesso à essa efervescência, com um ambiente organizado, atrativo e bonito. Mas, também queremos monetizar de forma justa os conteúdos independentes, o que não acontece hoje”, disse Raquel Omena, CEO da Sonoraplay.
A startup foi criada por 3 artistas da música. “A gente se esforça para juntar dinheiro e produzir sem parar. Mas, aí, na hora de colocar nas plataformas existentes, o retorno não é suficiente. A solução não é parar de produzir, e sim utilizar a ferramenta correta. Colocar nossa produção nas plataformas gigantes, só os torna interessante para as grandes empresas. Acabamos não ganhamos nada. A Sonoraplay veio para atender aos que não estão sendo atendidos”, diz Raquel Omena, CEO da startup.
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