Violetas contra a violência: Dignidade e respeito para com a pessoa idosa


Da agressão física, financeira à emocional, muitos idosos sofrem tipos de violência e é com esse objetivo que a campanha Junho Violeta chega para alertar sobre a negligência e exploração desse público que se torna vulnerável e alvo de maus tratos, e a pior notícia é que, geralmente, são maltrados por pessoas próximas, da família, cuidadores ou responsáveis e que deveriam fazer jus à confiança que os idosos depositam nelas. 


Existem diferentes formas de abuso à pessoa idosa:


- Negligenciar cuidados básicos ligados à higiene, saúde, alimentação, não administrar medicamentos (especialmente os de uso continuo), deixar passar frio ou calor e o abandono emocional são alguns exemplos típicos de cruel negligência, ainda que saibamos existir muitaa famílias em condições precárias, mas que podem suprir o lado emocional com um mínimo de afeto, certamente há uma porta para o aconchego, apesar dos desafios diários. 


- A violência pode ser visível ou subjetiva, pois as agressões físicas são facilmente identificadas, porém a que chamamos de subjetiva refere-se à violência psicológica afetando a funções neurológicas trazendo danos à saúde mental e física, isolamento, sensação de desamparo, desesperança e profunda tristeza pela falta de perspectiva de vida, de utilidade, de autonomia, apesar de muitas famílias terem como provedor, a pessoa idosa e nem assim é amada ou respeitada por aqueles que delas dependem, ao contrário, são exploradas e suas vontades e seus anseios são deixados ignorados!


Gritar, brigar, conflitar, exigir, humilhar, iludir, repreender agressivamente, menosprezar, enganar, discriminar são formas recorrentes de agressão psicológica que interferem diretamente na saúde emocional da pessoa idosa.  


- A violência financeira ou patrimonial é aquela que pessoas utilizam-se dos recursos ilegalmente, e para exemplificar cito: empréstimos não pagos, documentos ou assinaturas falsificados para utilização de benefícios indevidos e criminosos, etc... 


O idoso tem o direito de ser reconhecido como a pessoa que durante uma jornada da vida trabalhou, construiu, plantou, deu à luz, educou, planejou o futuro e precisa merecidamente na sua velhice, de bem estar físico, mental, moral e financeiro; para tanto, campanhas iguais a essa precisam ser mais anunciadas e frequentes e bem mais informativas no intuito de educar ou reeducar, desde a família até à sociedade, afinal quem de nós jamais conviveu com uma pessoa idosa?


É na infância que se aprende valores e os adultos podem ensinar às crianças sobre o tratamento adequado que se deve dispensar ao idoso, para que no meio social possa exercer o que aprendeu... dentro de um ônibus, o direito reservado ao assento, os atendimentos preferenciais, as instituições criadas e voltadas aos cuidados desse público, prevenção de doenças inerentes à idade são alguns dos muitos direitos adquiridos e não são respeitados.


O idoso acaba internalizando que não tem mais o mesmo significado para sua própria família e sua importância tornou-se maior ou menor dependendo de quanto recebe de aposentadoria, embora saibam que todos envelhecem, caso a morte não chegue antes, essa é a realidade!


Conscientizar e tentar  reverter esse quadro de abuso e violência contra a pessoa idosa é um compromisso que você e eu temos que tomar posse, promovendo debates, a partir do ambiente familiar ou institucional onde o idoso estiver inserido, e não importa se há mais ou menos recurso... falo sobre o olhar, a escuta, o toque de amor e dedicação com quem tanto fez e faz pelos que ama! 


Vamos envelhecer, TODOS vamos envelhecer um dia! 


Pense nisso! 


Até à próxima semana 

Sobre a colunista


Lucijane Lamêgo Guimarães tem 55 anos e é natural de Manaus (Amazonas). Ela é bacharela em Psicologia pelo Centro Universitário FAMETRO, no ano de 2017. 


Como psicóloga clínica, atua em consultório fazendo psicoterapia com o público de adolescentes, adultos e idosos.

Fonte: escrito por Lucijane Lamêgo para o Porto de Lenha News