Setembro Amarelo: 'Se precisar, peça ajuda!'

 Toda essa mobilização, em torno do suicídio,  começou em 1994, com uma triste história do adolescente chamado Mike, de 17 anos, que morava nos EUA; Mike tinha um Mustang amarelo e ele mesmo fazia as restaurações no seu carro, tamanha a paixão que sentia por ele; porém um dia cometeu o suicídio em seu Mustang amarelo, e as pessoas fizeram homenagens a ele indo ao velório com fitas, roupas ou  flores amarelas e dentre tantas homenagens ao Mike, visto que era uma pessoa de personalidade carinhosa e em solidariedade aos familiares,  imprimiram vários cartões com dizeres dos pais dele: "Por favor, não faça isso; Por favor, converse com alguém e peça ajuda!" e colaram uma fita amarela nos cartões. Essa ação que pareceu ser simples, tirar cópias e distribuir nas escolas e eventos, evitou que outras vidas se perdessem, pois os pais de Mike receberam essa notícia, com muita gratidão a todos que se mobilizaram!

Daí em diante, deu-se início às campanhas pelo mundo todo. Aqui no Brasil, desde 2015 o movimento ganha visibilidade, através de ações do  Conselho Federal de Medicina e Associação Brasileira de Psiquiatria e, muito especialmente, ao apoio emocional de voluntários - 24 horas por dia -  do Centro de Valorização da Vida (CVV)  através do número - 188. 


Durante o mês de setembro, vamos conversar sobre prevenção, e outros assuntos inerentes ao tema, porque um dos maiores problemas enfrentados em torno do suicídio, é o tabu de não ser discutido, nas famílias, escolas, igrejas e outras instituições, por ser um assunto "pesado", de conteúdos fortes e que incomodam, mas que deveria ser enxergado como oportunidade de ampliar ações para o acolhimento e cuidado, e nem deveria ser assunto apenas para este mês de setembro e sim, para todos os dias, porque significa valorizar as existências, acolher o sofrimento e acreditar no ressignificado dessa dor, para que não se encontre nela, a razão para colocar um ponto final em tudo. 


Quem de nós ainda não passou por frustrações, perdas, dores, medos? Então... são  justamente todos esses multifatores que podem tirar as expectativas de vida, caso a pessoa não se dê uma chance, porque os problemas têm soluções, têm opções e saídas, mas para isso, quem passa por essa experiência de enfrentar tais desafios, precisa estar disposta a se reconectar com os caminhos de possibilidade, como por exemplo: pedir ajuda, falar sobre seu sofrimento e ainda perceber quantas outras situações já foram vivenciadas e resolvidas; logo, por que não teria meios de enfrentar o atual desafio? 


Quando se aprende a "ir além" do sofrimento, transcender, mostra-se que a força interior não  está sendo subestimada, porque mais à frente, pode- se dizer: "eu soube lidar com a situação", apropriando-se da sua história de vida... acreditar que você PODE, porque um certo dia, você já PÔDE enfrentar; ACOLHER-SE porque uma certa vez, você já se ACOLHEU! 


Que todos nós aprendamos a dar um pouco de colo à nossa dor, para que ela seja elaborada; não há outra maneira de cicatrizar uma ferida, sem que se olhe para ela; não buscar respostas para tudo, e sim entender que por vezes somos mesmo impotentes para entender o porquê de todas as coisas, mas pensar e refletir no para quê está acontecendo isso na minha vida! 


Até semana que vem com a proposta de, cada vez mais, valorizarmos a nossa existência! 


Abraço caloroso!


Sobre a colunista

Lucijane Lamêgo Guimarães tem 55 anos e é natural de Manaus (Amazonas). Ela é bacharela em Psicologia pelo Centro Universitário FAMETRO, no ano de 2017. 


Como psicóloga clínica, atua em consultório fazendo psicoterapia com o público de adolescentes, adultos e idosos.


Fonte: escrito por Lucijane Lamêgo para o Porto de Lenha News