Qual a melhor forma de prevenção ao suicídio?

Vamos continuar abordando sobre Setembro Amarelo, para entender e agir a favor da vida, da existência de cada um de nós, e para isso é muito importante ressaltar que uma pessoa com ideação suicida, está sofrendo além da conta, e aí está a relevância da sensibilidade que precisamos ter para com ela, e assim não façamos julgamentos e avaliações de menosprezo, como se a pessoa estivesse fazendo ou dizendo algo tão somente para "chamar atenção" porque na maioria das vezes, a tentativa do suicídio ocorreu por causa da desesperança que habita o emocional dela e estar envolto a essa desesperança, significa uma situação de "morrência" diária e constante. 

Esse estado de "ferida aberta," na mente e na alma carregam uma dor tão profunda que certas falas não são aceitas, como: "Calma, vai passar" ou "Ocupe seu tempo", "Você tem que ter mais fé". Essas são frases sem efeito positivo na pessoa, já que ela está num caminho de desistência e seus projetos definhando e sem possibilidade de sucesso, na percepção dela;  portanto, quer matar aquilo que provoca sofrimento, embora não queira morrer, porém não encontra argumentos internos para desvendar uma forma, um caminho e continuar vivendo. 

Ao receber um paciente com esse conteúdo, tento entender com profundidade, os motivos que estão fazendo com que queira adiantar, o que é  a única certeza da nossa vida, porque todo aquele que nasce, morrerá um dia, então para quê adiantar? A única resposta: "matar o sofrimento!" Então, entrando nesse mérito preciso dizer que aprendi em pesquisas e estudos em suicidologia que prevenção não é o mesmo que evitação, pois não é previsível dizer como e quando a pessoa com tamanho sofrimento possa tirar sua própria vida e além de ser um fato muito doloroso para quem está enlutado.  Alguns dão sinais diretos ou indiretos, mas outros não mostram, com evidências, sobre o desejo de desistir. 

Asseguro que prevenção significa manutenção e fortalecimento da saúde existencial, num espaço privativo, tranquilo, com disponibilidade de tempo para escuta, proporcionando confiança, sigilo, com uma abordagem calma, de aceitação e sem julgamentos, para facilitar a comunicação, e uma vez assistido, não se pode ignorar a situação, nem entrar em pânico, mas não fazer o problema parecer trivial, dar falsas garantias, mas  enfrentar as questões  para que possamos lidar com os problemas e os sofrimentos, e assim a morte deixar de ser a única possibilidade, pois a pessoa já não se sente abandonada, sabe que poderá compartilhar e experimentar novas expectativas, já que se sentirão atraídas a um estado mais elevado e singular, em seu estado emocional sendo enxergado e acolhido na sua dor que causa sofrimento, sendo visto como centro das preocupações, naquele instante do atendimento. Sentirá ser dono de suas decisões, e de posse da sua capacidade de autonomia. Daí resgata-se  esse paciente como sujeito ativo, criativo para viver a vida preenchida de vida ao invés de vivê-la num constante processo de "morrência."

A abordagem sobre o  tema continua na próxima semana!

Até lá!

Sobre a colunista

Lucijane Lamêgo Guimarães tem 55 anos e é natural de Manaus (Amazonas). Ela é bacharela em Psicologia pelo Centro Universitário FAMETRO, no ano de 2017. 

Como psicóloga clínica, atua em consultório fazendo psicoterapia com o público de adolescentes, adultos e idosos.

Fonte: com informações da assessoria de imprensa