Com o objetivo de fortalecer a cultura local, a ONG Vaga Lume estimula crianças e jovens a ouvirem os mais velhos e registrarem as histórias e lendas das suas comunidades na Amazônia. A partir desses desenhos e textos, são criados livros artesanais, que nascem carregados da potência trazida pelo ambiente das bibliotecas comunitárias que a Vaga Lume fomenta desde 2001 na Amazônia Legal.
Em um passeio pelo acervo de 300 livros artesanais que, além das versões físicas mantidas nas bibliotecas comunitárias, estão armazenados em versões digitais numa plataforma interna da ONG, é possível compreender um pouco mais dessa pluralidade da Amazônia. Um exemplo de história regional que ganha diferentes sotaques é a do boto, que conta com dez versões produzidas ao longo dos quase 22 anos de atuação da ONG.
“Os livros artesanais fomentam a integração da comunidade, o imaginário coletivo e principalmente a importância das histórias que são passadas de geração em geração pela oralidade. Já vi muitos mais velhos emocionados quando, no último dia do curso, acontece a mediação de leitura do livro”, diz Priscila Fonseca, coordenadora da dimensão de Cultura Local da Vaga Lume.
“O boto do Camarapi”, criado a partir do conto oral de Dona Lindalva, da comunidade Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em Portel (PA), traz a versão da lenda mais conhecida que é a de um boto que se transveste de humano para namorar com as mulheres, mas, claro, com detalhes que tornam a história única. “Nessa comunidade tranquila, repleta de castanheiras e sumaúmas gigantes, seringueiras, açaizais, japiins e andorinhas cantantes havia um rio tranquilo e, na beira do rio, uma casa onde morava uma mulher chamada Maria…”.
Já o livro “O boto e o pirarucu do laguinho”, narrado por Zuleide Viana dos Santos aos jovens Nayra Cunha de Figueiredo e Fabrício Guerreiro, do quilombo Boa Vista, em Oriximiná (PA), fala de duas mulheres que visualizaram um boto e um pirarucu enamorados, mas ninguém consegue pescar os dois de jeito nenhum.
Tem ainda “A História do Chapéu do Boto”, da comunidade de Pacaraima (RR), “O Mistério do Boto”, de Barcelos (AM), “A Bisavó e o Boto” de Breves (PA) e “A Cortadora de Sova e o Boto”, de Carauari (AM), entre outros.
Afinal, quantos botos a Amazônia tem? Ou ainda, quantas Amazônias o Brasil tem?
Neste dia das crianças, a Vaga Lume disponibilizou o livro artesanal “O boto e o camarapi” para inspirar que vocês também brinquem de fazer registros de histórias em casa: Link.
Fonte: com informação da assessoria
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