A importância da fé para a saúde mental!


A influência da espiritualidade para nossa saúde mental, é sem medidas, independente da fé ou crença de cada pessoa, se é uma determinada religião ou não; o que fará a diferença é a certeza que somos ligados a algo maior, e não restritos a nós mesmos e, por estarmos ligados a uma comunidade com os mesmos objetivos, dá uma sensação de irmos além porque esse "ir além" envolve sentimentos de esperança, ânimo e coragem possibilitando vínculos afetivos com as pessoas, dando mais sentido a situações que a vida nos apresenta e que todos estamos sujeitos a enfrentar, que são as adversidades e os percalços!

A Organização Mundial de Saúde, através de resultados com pesquisas nessa área, considera a religiosidade e a espiritualidade como uma das dimensões e caminhos à qualidade de vida do indivíduo, já que poucas são as coisas que dizem tanto sobre visão de mundo que uma pessoa tem. No setting terapêutico, fazemos uma entrevista inicial para que possamos conhecer o paciente, questionando sobre estado civil, quantos filhos, qual formação ou profissão, entre outras perguntas e dentre elas se segue alguma crença ou religião e o quanto de espiritualidade tem naquela pessoa, porque são informações que trazem um rico e vasto conteúdo sobre a cosmovisão daquele paciente. Se, fatores culturais são tão importantes para profissionais da saúde mental, a espiritualidade é um fator fortíssimo por nos informar, de que maneira a pessoa vê o mundo!

A manifestação de algumas doenças é modificada por essa visão de mundo através da espiritualidade, e ainda que as condutas do manejo clínico sejam científicas, elas serão praticadas dentro do contexto cultural e religioso de cada paciente. 

A neurociência, através de estudos, já comprovou os benefícios para a saúde mental de quem pratica a fé, porque nosso sistema cerebral apresenta um aumento na produção de dopamina, fortalecendo nossas defesas do sistema imunológico; temos então, aliados relevantes para o enfrentamento de problemas na saúde física e mental, que são a ciência, onde trabalhamos com a razão, e a fé, que vai além da razão, portanto quando se pratica a fé, os resultados são de impulsos positivos, projeções, visões benéficas sobre nós mesmos, sobre o outro e sobre o mundo!

A importância da fé é significativa por nos proporcionar o inverso das emoções e sentimentos negativos e pensamentos disfuncionais que a depressão, por exemplo, causa no comportamento humano. Quem se utiliza da ciência e da fé, simultaneamente, tem a seu favor o ânimo, ao invés da apatia; a alegria em realizar as tarefas rotineiras, ao invés do desânimo; o prazer em estar com os familiares, amigos e ter uma vida social saudável, ao invés de preferir o isolamento; tem um sono reparador, ao invés de noites em claro; conserva bons hábitos alimentares e disposição para atividades físicas, ao invés da ingestão de drogas; calmaria, ao invés de ansiedade; a solidariedade e empatia, ao invés do individualismo e egoísmo, pois a fé é o movimento de acreditar naquilo que não se vê, não se toca, mas se sente, que não se coloca à prova, mas se comprova pela busca do suporte e aconchego usufruindo de toda a positividade ligada à fé, que é desconectada da dimensão material, portanto, fora do tempo e do espaço, por interagir com quem a tem, sem que seja vivida com obsessão, mas que atrai tranquilidade, sensatez e alívio.

Através da ressonância magnética funcional, pode-se observar que quando se está em movimento de fé, seja em oração, meditação ou contemplação, uma área do cérebro é acionada - lobo pré-frontal medial - que dá o sentido à autorreflexão, para o entendimento que, há solução para os problemas, e as sensações de raciocínio e sabedoria são ativados, trazendo paciência e calma!

A busca por apoio psicológico, através de psicoterapias ou psiquiatria, não anula a fé, ao contrário, potencializa a velocidade e boa resposta ao tratamento, até porque a necessidade do ser humano em buscar contato com o transcendente, com o âmbito religioso e espiritual, é histórica, sendo assim, não pode ser entendida como um empecilho para a busca da ciência, que tem suas limitações e conta com a força interior de luta, progresso e coragem que a fé, inegavelmente, proporciona a quem põe em prática!

Até a próxima semana!

Sobre a colunista

Lucijane Lamêgo Guimarães tem 55 anos e é natural de Manaus (Amazonas). Ela é bacharela em Psicologia pelo Centro Universitário FAMETRO, no ano de 2017. 

Como psicóloga clínica, atua em consultório fazendo psicoterapia com o público de adolescentes, adultos e idosos.

Fonte: escrito por Lucijane Lamêgo para o Porto de Lenha News