A morte da empresária e ex-sinhazinha do Boi Garantido, Djidja Cardoso, na última terça-feira (28), em Manaus, revelou um grupo religioso denominado “Pai, Mãe, Vida”, liderado por Cleusimar e Ademar Cardoso, mãe e irmão de Djidja, além de outros três funcionários da família. Todos estão presos.
Segundo a Polícia Civil, o caso estava sendo investigado há 40 dias, e Djidja Cardoso também fazia parte do esquema. A suspeita é que a morte da ex-sinhazinha foi causado por overdose de cetamina, pois o corpo dela foi encontrado pelos policiais com sinais de uso excessivo dessa substância
O grupo realizava rituais em que promoviam o uso indiscriminado de cetamina, droga sintética de uso humano e veterinário. No caso de pessoas, a droga é usada como anestésico, analgésico e até no tratamento da depressão. Além disso, seu uso recreativo também é popular, mas a prática é ilegal desde 1980.
As investigações indicam, ainda, que algumas vítimas do grupo foram submetidas a violência sexual e aborto.
As investigações apontam que os Verônica, Claudiele e Marlisson, seriam os encarregados de comprar e administrar a droga para quem quisesse experimentá-la.
Além disso, eles também tentavam convencer outros funcionários e pessoas próximas à família a se associarem ao grupo, onde a cetamina era usada.
Entenda como funcionava o organograma do grupo
Os líderes
De acordo com as investigações, o grupo era liderado pela mãe e pelo irmão de Djidja. Eles acreditavam que:
Eles defendiam o uso da cetamina como uma forma de alcançar a elevação espiritual.
Locais dos rituais e como agiam
De acordo com a polícia, as evidências apontam que os rituais eram realizados dentro dos salões de beleza e na residência da família. Nos locais foram encontrados ampolas de cetamina, dezenas de seringas e agulhas.
Em publicações nas redes sociais, o irmão da ex-sinhazinha se apresentava como um tipo de “guru” que poderia ajudar as pessoas a “sair da Matrix”, que seria ir para o "plano superior" citado pelo grupo.
“Saia da Matrix e venha viver esse amor em ‘Uno’ comigo! Me manda um direct se você estiver perdido em sua trajetória existencial, se quiseres respostas que nunca conseguiram te dar, eu posso te ajudar”, disse em uma das publicações.
Ademar e a mãe também possuem o nome do grupo tatuado no corpo.
“Ao longo das investigações, tomamos conhecimento de que Ademar também foi responsável pelo aborto de uma ex-companheira sua, que era obrigada a usar a droga e sofria abuso sexual quando estava fora de si. A partir desse ponto, as diligências se intensificaram e identificamos uma clínica veterinária que fornecia medicamentos altamente perigosos para o grupo religioso”, disse Cícero Túlio, delegado responsável pelo caso.
A repercussão da morte de Djidja fez com que a Polícia Civil desencadeasse a Operação Mandrágora, que culminou nas prisões preventivas dos cinco membros do grupo religioso.
Durante buscas realizadas na tarde de quinta-feira (30) e na manhã de sexta (31), foram apreendidas centenas de seringas, produtos destinados a acesso venoso, agulhas e cetamina. Além de aparelhos celulares, documentos e computadores na residência da família, no salão de beleza e em uma clínica veterinária.
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